quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A vida a alta velocidade.


Se eu disser que a minha vida, neste momento, se assemelha ao que está presente nesta imagem, isto é, um comboio de alta velocidade, vai soar muito cliché, não vai? Pois, mas é que não há forma de contornar a questão: a minha vida parece mesmo um comboio de alta velocidade. Ao contrário da vida deste blog...

A verdade é que me falta tempo para escrever. A verdade, também, é que outras vezes não me apetece escrever, de todo. E eu só escrevo quando me apetece, é uma das regras que faço questão de manter, no matter what. O problema surge quando, nas vezes em que me apetece – e eu, que tenho tanta coisa para dizer, tanta coisa que quero partilhar -, ou adormeço em frente ao computador devido ao cansaço (o que é bem mais frequente do que aquilo que se possa, à partida, julgar), ou.... bem, ou adormeço devido ao cansaço. 

Estes meses têm sido, de facto, preenchidos. E isso é bom. No computo geral, é verdadeiramente bom. Conhecendo-me como conheço – e há coisas que não mudam – sei que não conseguiria ser de outra forma. Felizmente, tenho trabalho, muito trabalho, e um trabalho de que gosto, que me faz feliz e que me realiza. Não é sempre fácil – de todo. Neste momento, posso dizer que o meu estado de cansaço (já escrevi várias vezes cansaço, não já?) se assemelha... Não sei, devo estar tão cansada que nem consigo arranjar comparação, ahaha. 

E esta coisa de andar sempre a mil, numa agitação constante, tem muito de bom, mas não são só rosas. Por um lado, faz-me sentir bem comigo própria, faz-me sentir bem por saber que estou a chegar aos outros, que estou a ser útil e, mais do que isso, agradavelmente útil. Faz-me sentir que sou capaz, que estou saudável e com energia, que estou a fazê-lo por mim e por tantas mais pessoas. Confesso: faz-me, também, afastar alguns medos e pensamentos cíclicos e viciosos, que a minha ansiedade faz questão de trazer consigo, e dos quais já tanto falei aqui. Mas, por outro lado, é preciso ser forte e ter a força suficiente para conseguir – ou tentar, o melhor possível – gerir tudo. Gerir a agitação e a rotina do dia-a-dia, a vida social – que faço questão de manter, sempre, mesmo que a minha vida social, às vezes, seja só “ir beber um café de 10 minutos”. E que bom que é. Gerir, também, os fins de semana, que, este ano, passaram a ter um novo significado para mim. E tanto, tanto mais.

Isto de querer chegar a todo o lado é muito bom, que é... Mentira, às vezes não é. Eu sou assim (mais um cliché, mas é assim mesmo), sei que não conseguiria ser diferente, mas... Há limites. Limites que consistem, simplesmente, em saber que não somos perfeitos, que não podemos fazer sempre o melhor – desde que tentemos procurá-lo -, saber que a vida “não acaba aqui” e que o melhor de hoje pode não ser o melhor de amanhã. E, sobretudo, que temos tempo. Temos de o ter. 

E, dito tudo isto.... Estou a precisar de férias. Está quase. E sim, às vezes penso “vou largar tudo e vender águas de coco na praia”.
Teresa

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O controlo.


Quando perguntámos a várias pessoas, da nossa faixa etária, o que era para elas a ansiedade (aqui), uma das palavras mais referidas nas respostas foi, claramente, controlo.

Ora, para mim, tal é perfeitamente compreensível, uma vez que o controlo pode dar aso a longas conversas e discussões diretamente relacionadas com a minha história pessoal.

Mas, afinal, controlo em que sentido? Uma das coisas de que me fui apercebendo, ao longo da minha vida mas, sobretudo, depois de ter passado aquilo que passei com a fase marada, é que um dos fatores – um dos principais fatores - que contribui para a minha ansiedade, ou para o seu aumento, é o medo de perder o controlo. O medo de não poder controlar tudo, de haver coisas na vida que, inevitavelmente, fogem ao meu controlo.

“Isso é a vida”, “A vida é mesmo assim”, “Ainda bem que não podemos controlar tudo”. Pois claro que sim. Concordo totalmente com estas – e com outras, do género – afirmações. É evidente que a minha racionalidade me permite viver, viver sabendo que a perda de controlo é um dos fatores inerentes à vida. Mas, que tal me limita, em termos de ansiedade, limita. É um ponto fraco. Uma fragilidade.

Uma fragilidade que assumi e que tento, diariamente, combater. Desde quando? Desde que percebi que me estava a limitar de tal forma que deixei de viver. Desde que a questão do controlo tomou dimensões imensuráveis na minha (não) vida, desde que deixei de sair de casa por não saber o que podia acontecer a seguir, desde que passei a ter vontade de fazer exames a tudo de hora a hora por a minha hipocondria (confessei-a aqui) me fazer imaginar todas as doenças e mais algumas e eu querer saber, ao detalhe, todas as maleitas de que padecia. Foi nesse momento da minha vida, em que tudo isto aconteceu, que percebi que tinha de fazer alguma coisa. E fiz.

Se hoje em dia esta fragilidade já não existe? É claro que existe. Mas está controlada – por falar em controlo...! -, já não me condiciona a minha vida. Para mim, a psicoterapia foi absolutamente basilar nesta questão (e em tantas outras). Porque, para mim, perceber a minha fragilidade, reconhecê-la, aceitá-la e relacioná-la com alguns dos meus comportamentos foi meio caminho andado para que esta deixasse de ter o impacto (negativo) que estava a ter. Pensar neste meu calcanhar de aquiles como uma parte de mim, mas uma parte pela qual eu posso fazer algo, contra a qual posso lutar – com ajuda, com sentido, com direção.

Teresa

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Cada caso é um caso.


Foram várias as vezes em que já aqui disse, no blog, que, na minha opinião, cada caso é um caso. Pela simples razão de que cada pessoa é uma pessoa. Esta afirmação aplica-se em variados contextos da vida em geral e, aqui em particular, no que diz respeito à saúde mental. Escrevi-o, por exemplo, quando falei dos meus ataques de pânico (aqui).

Lembrei-me que, para ilustrar isto mesmo, nada melhor do que o meu caso e o caso da Rita, em comparação um com o outro. Parece-me perfeito para exemplificar que, apesar das semelhanças inequívocas, ambas temos particularidades só nossas, características da fase marada de cada uma.

Escrevemos aqui e aqui sobre a forma incrível como nos conhecemos - é evidente que foram essas tais semelhanças que fizeram com que os nossos caminhos se cruzassem. Passámos, as duas, por fases maradas com uma origem parecida, com características parecidas.

Porém, ao longo do tempo, com o passar dos meses, com a evolução (positiva!) das nossas histórias e, também, com o crescendo da nossa amizade, fomo-nos apercebendo das diferenças que também existem e que, sem dúvida, também nos ajudam a ajudar-nos mutuamente, a partilhar histórias e experiências. Lembro-me, agora, de algumas que julgo fazer sentido partilhar:

  • Enquanto a Rita se entende perfeitamente com o psiquiatra dela, se sente segura e confiante, a mim foi a psicoterapia que me salvou.
  • Apesar de termos tomado o mesmo antidepressivo durante uns tempos, a Rita teve de o trocar por ter feito uma reação adversa. Pelo contrário, eu dei-me bem com ele.
  • À Rita, o “comprimido da noite” tira-lhe o apetite. A mim, dá-me ataques de fome. 
  • A Rita conseguiu trabalhar sempre, mesmo no auge da fase marada. Já eu, estive um mês e meio de baixa.
  • A Rita conseguiu deixar de fumar durante a fase marada e reduzir drasticamente o consumo de cafés. Eu, nem pensar. 
  • Pelo contrário, a Rita não teve medo de beber um copo de álcool de vez em quando, por saber que não fazia mal (como, aliás, toda a gente - médicos incluídos - dizia!). Eu, cortei radicalmente nas bebidas alcóolicas. 

E por aí fora. Todos estes exemplos são apenas isso: exemplos, os nossos exemplos, e, por isso, os mais reais que podemos partilhar. Simplesmente para reforçar a ideia que já foi expressada várias vezes: não somos todos iguais. Nunca. Não precisamos todos de seguir o mesmo caminho para nos sentirmos melhor. Existe uma infinidade de caminhos. E cada um poderá, seguramente, encontrar o seu. Que não tem de ser igual ao de mais ninguém.

Nas palavras da Rita, "todas essas diferenças na forma como lidamos com o problema mostram que são vários os caminhos que podemos tomar, não temos que fazer o que os outros fazem, temos que fazer o que nos faz sentir melhor para obtermos o tão desejado resultado final".  E eu não tenho mais nada a acrescentar. :)



Teresa

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Segundas oportunidades

Não me venham com coisas, há médicos e médicos.
Como em todas as profissões, há os bons profissionais, há os medianos e há os maus.
Infelizmente, dada a natureza do "cliente", maus profissionais na medicina têm na nossa vida um impacto muito maior do que maus profissionais num supermercado, por exemplo.
A minha primeira experiência com a psiquiatria não foi boa, aliás, foi péssima.
Quando entrei no consultório já tinha esgotado todo o leque de possíveis doenças físicas, já sabia que não tinha qualquer problema cardíaco, tumor cerebral ou pulmonar, sabia que não era físico o que me estava a provocar os terríveis sintomas que experimentava.

Quando finalmente me mentalizei que o problema seria do foro mental, decidi marcar a consulta e entrei naquele consultório cheia de esperança, esperança de ser finalmente diagnosticada e tratada. Olhei a médica nos olhos e contei tudo, todo o tormento das últimas semanas, tudo que me lembrei e tudo que me passava pela cabeça. Gostei da médica, simpática, preocupada e aparentemente confiante no meu diagnóstico. Quando saí do consultório vinha a sorrir, a pensar que ia finalmente iniciar o tratamento certo para o que seria o meu problema, TAG ( ansiedade generalizada) e ataques de pânico. Nomes que me assustavam mas que sabia terem "cura". Saí com a mesma esperança com que entrei, saí bem.

Iniciei o tratamento e depressa me apercebi que não ia resultar, que a esperança ia dar lugar ao desespero, que o caminho para a cura ia dar lugar a uma das piores experiências da minha vida, pior ainda do que as que tinha passado desde o primeiro ataque de pânico. É tão cristalina a linha entre a esperança e o desespero.

O meu nível de ansiedade, que já estava no limite, saltou a barreira do aceitável e passou a ser constante, 24horas por dia de medo, 1440 minutos com o coração em taquicardia, 86400 segundos de ansiedade, vários ataques de pânico por dia, cenários monstruosos na minha cabeça... 
Aflita, recorri a pessoas que sabia já terem passado por este tipo de tratamento e que me disseram que era normal, que os primeiros dias, as primeiras semanas, eram ainda piores, que os sintomas ficavam mais fortes, que muitas pessoas desistiam, mas que depois tudo passava e que os dias bons começavam a surgir. Esperei até ao final da primeira semana mas essa normalidade parecia-me cada vez mais distante, eu não entendia. Na minha cabeça não fazia sentido estar a fazer um tratamento para me curar que me deixava muito pior do que alguma vez estivera. Não podia estar certo, algo em mim me dizia que aquilo não estava bem, não podia estar bem, mas ainda assim, incentivada pelos meus, decidi aguentar. 
Aguentei, aguentei tudo até ao dia em que alucinei e não, não estou a metaforizar.

Estava no Alentejo, depois de ter conseguido ir buscar forças ao fundo da alma ( digo alma porque sei que o meu corpo já não as tinha), num sítio calmo, rodeado de montes a perder de vista, de som de pássaros e de pessoas felizes, tudo o que supostamente me faria sentir melhor. Fui dar uma caminhada para ver um lago, gosto de lagos, e pelo caminho começo a sentir-me tonta, pensei que era mais um ataque de pânico, respirei fundo, controlei, terminei a caminhada e é quando chego ao quarto que me apercebo que não há chão, não havia, eu não o via, como se um buraco se tivesse aberto mesmo debaixo dos meus pés, caminhei até ao sofá e a cada passo parecia que as paredes me iam "engolir", as paredes estavam a encolher, a encolher, a esmagar-me. Agarrei as pernas com os braços e coloquei a cabeça nos joelhos, fechei os olhos e gritei. Gritei de medo, sempre o medo. Aquelas paredes estavam-se a mexer, aquele chão não existia, eu estava encurralada, ou ia ser engolida ou esmagada. Apercebi-me perfeitamente do poder que a mente pode ter, a alucinação é monstruosa porque no fundo sabemos que aquilo não é real mas não conseguimos reagir, não conseguimos deixar de acreditar nela. Não sei quanto tempo passei naquela posição até conseguir abrir os olhos. Quando os abri tudo se mexia, os móveis, o teto, tudo deambulava à minha volta e eu tremia de desespero. Tomei 2 dos calmantes mais fortes que tinha, só queria dormir e desaparecer daquele mundo. É este o fundo do poço, quando a solução para o problema é não o viver, é queremos passar o dia todo a dormir para não sentirmos, para não sofrermos, porque nestas alturas, viver dói, dormir não.

Nesse mesmo dia voltei à psiquiatra, mandou-me parar imediatamente com os comprimidos porque tinha feito reacção, "acontece uma num milhão" foi a resposta dela. Não sei se é verdade ou se foi para se desculpar por não ter acertado à primeira, mas qualquer que tenha sido o motivo, não são estas as palavras que uma pessoa perturbada precisa ouvir. Para alguém que está no fundo do poço, ouvir que a solução que lhe tinha dado esperança há uma semana não resultou, quando resulta em 999.999 pessoas, é como tapar o poço. Nesse dia não saí do consultório a sorrir, não saí com esperança, não saí a achar que a médica era simpática. Saí com a certeza de que nada ia resultar, que não havia solução para o meu problema, que estava destinada a passar os dias assim. Entrei num estado de transe, não queria ver, ouvir, sentir ... Como é possível? Em poucas semanas tinha deixado de ser a pessoa que acorda e passa o dia de sorriso nos lábios e aos saltos e tinha-me transformado "naquilo". Como pode a nossa mente transformar-nos assim?

Deixei de acreditar em medicamentos e como tal decidi não tomar os novos que a psiquiatra tinha receitado. E agora ? O que me podia ajudar ? Os calmantes! Os calmantes passaram andar comigo para todo o lado, de SOS passaram a companheiros de todos os meus passos. Arrastei-me assim nos dias seguintes mas apercebi-me que estava a ficar viciada, precisava deles até para me levantar e não era assim que queria estar. De hora em hora media as pulsações, tinha medo de sair à rua, sentia cada picada como se fosse uma dor dilacerante, mas mesmo assim nada disto se comparava à dor psicológica que sentia, a dor de não viver, a dor de apenas sobreviver. 
Eu adoro a vida, adoro as pessoas, os cheiros, os sons, os momentos mágicos, os sorrisos, não podia permitir perder tudo isso ... Foi com esse pensamento que decidi que tinha que dar uma segunda oportunidade a outro psiquiatra porque isso significava uma segunda oportunidade para mim também e eu queria tanto, merecia-a.
Após pesquisa apareceu um nome, o nome daquele que é hoje o meu psiquiatra, aquele que me apresentou um diagnóstico diferente, aquele que me salvou no momento que atendeu o telefone e me disse para estar no consultório dele 30 minutos depois.

Com o desespero nos olhos e as lágrimas a correr, contei tudo, como se estivesse de joelhos a pedir ajuda. Ele não podia falhar porque se ele falhasse eu desistia. E ele não falhou, ele fez-me uma promessa, a promessa de me encaminhar para a cura. Foi a escolha das palavras dele que me deu as certezas que eu queria, ele não me ia curar, ele ia encaminhar-me porque quem tinha que percorrer o caminho era eu, e percorri, com passos lentos mas firmes, a ver o túnel ficar cada vez mais pequeno até a luz aparecer, até o sorriso voltar, até o desespero ir embora, até sentir novamente borboletas no estômago, até conseguir saborear a vida. E que bem que ela sabe.

É esta a mensagem que quero passar hoje, a de que a vida é boa demais para não lhe darmos uma segunda oportunidade, aliás, a vida é boa demais para não lhe darmos todas as oportunidades que ela nos pedir. Abusem da vida, para todos os efeitos, só temos uma.

Rita

sábado, 17 de setembro de 2016

Um ataque de pânico.


Desde que decidi expor, publicamente, algumas das minhas vivências no âmbito da já famosa fase marada, tenho recebido várias mensagens – de feedback, de incentivo, de agradecimento, mas também com questões e dúvidas.

Cada vez mais acho que este projeto faz todo o sentido e não me arrependo minimamente de o ter iniciado. Eu e a Rita, que sem ela isto não seria de todo possível (como, aliás, já escrevi aqui).

Bem, mas onde eu queria mesmo chegar é à parte em que recebo variadas mensagens, que me fazem perceber – na sua maioria – que o medo inicial que tinha em relação a este blog e à exposição inerente é largamente compensado por tudo o resto.

Algumas das perguntas mais frequentes que me colocam dizem respeito aos ataques de pânico. “Afinal, o que é um ataque de pânico?”; “Eu acho que tenho, mas não sei o que é”; “O que é que se sente? O que é que tu sentias?”.

Ora bem, a primeira coisa que quero dizer é que cada caso é um caso. Para mim, não há qualquer dúvida em relação a isto (embora haja, de facto, quem discorde). É evidente que os ataques de pânico estão classificados no âmbito das doenças de saúde mental, a síndrome do pânico também. Mas, dentro do rol de sintomatologia inerente à doença, cada pessoa é uma pessoa. Uns poderão experimentar sintomas que outros não experimentarão, cada qual encarará sintomas e reagirá a estes de formas diferentes, e por aí fora. Tudo isto faz com que, realmente, cada caso seja um caso e, portanto, cada percurso seja um percurso.

Fazendo o paralelo para as “mais aceites” – infelizmente – doenças físicas, duas pessoas que tenham uma gripe poderão reagir de formas diferentes, o que faz com que a cura, embora semelhante, possa ter de ser adaptada a cada uma das pessoas.

Posto isto, vamos ao que interessa:

Tive o meu primeiro ataque de pânico em maio de 2015, num sábado à noite, enquanto me preparava para ir dormir. Sem razão nenhuma. Vindo do nada – os ataques de pânico, normalmente, aparecem quando menos se espera, num momento em que achamos que não há motivo aparente, ao contrário do que seria expectável.

Senti a cabeça à roda, tive a certeza de que ia desmaiar naquele momento – não chegou a acontecer, nunca desmaiei nem neste contexto nem em nenhum outro -, o meu coração disparou, doeu-me a barriga, tive vómitos e falta de ar... Enfim, o pior cenário possível, como podem perceber. Assustei-me a valer. Eu, hipocondríaca confessa (aqui),  pensei que estava a ter um ataque cardíaco e que não ia sobreviver. Quanto a pior parte passou – normalmente, ao fim de 10 minutos – fui invadida por uma sensação muito estranha. Como se estivesse de ressaca. Como se estivesse dorida dos pés à cabeça. E chorei. Chorei muito. Não sei se de alívio, de medo, de tudo ao mesmo tempo.

Os meus ataques de pânico eram quase todos como aquele que descrevi em cima e que foi o primeiro. Estes eram os meus principais sintomas de um ataque de pânico.

O grande problema no meio disto tudo – ou um dos grandes problemas – foi que eu aguentei durante muito tempo os ataques de pânico: “são só 10 minutos, é horrível, é avassalador, mas passa. Passa sempre, eu aguento sozinha, não preciso de ajuda”. Errado. Totalmente errado. À conta disto, cheguei a um estado em que já não tinha ataques de pânico. Vivia, antes, num estado constante que foi o pior da minha vida. Foi o auge da fase marada.

É por isso que o melhor e mais honesto conselho que posso dar é: pedir ajuda. Sejam quais forem os sintomas. Seja o que for que se passa. Mesmo que vocês não saibam o que se passa. Não têm de passar por isso sozinhos. Pedir ajuda. Vale sempre a pena pedir ajuda. (aqui).

Teresa

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Para ver. Absolutamente.

Hoje de manhã, quando, por acaso, me deparei com este vídeo algures no mundo das redes sociais, pensei imediatamente: tenho de o publicar.

Tinha mesmo de partilhar isto. E vocês têm mesmo de ver!

Acredito profundamente que há vídeos, ou imagens, ou seja o que for, que, pela sua simplicidade, se tornam profundamente eficazes. Nomeadamente (e sobretudo) em situações destas - relacionadas com a ansiedade, a depressão, os ataques de pânico e por aí fora. Para mim, este vídeo é um belíssimo exemplo disso. Verdadeiro, simples e eficaz. 



Acho que o devem ver e que, de facto, vale mais do que mil palavras. Por isso, vou-me calar, terminando apenas com uma das frases que, para mim, faz mais sentido:  

"Don't let anxiety steal your life away!"

Teresa

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Hoje voltei.


Foram dois meses de férias. Dois meses sem psicoterapia – foram as férias da minha psicoterapeuta e, depois, as minhas. Ambas merecíamos, vá! ;) 

“Então mas tu agora não estás tão bem? Porque é que vais voltar à psicoterapia?”. Pois é, eu compreendo a pergunta, juro que compreendo. Mas, para mim, era mais do que evidente que iria voltar. A psicoterapia é um processo. Um processo contínuo, de longa duração. Já escrevi um bocadinho sobre isso aqui e agora repito-o: ainda bem que assim é, porque, ao contrário da medicação, a psicoterapia atua a longo prazo, nas questões mais profundas e não apenas nos sintomas.

O que há para trabalhar em psicoterapia é logicamente diferente em cada fase. Cada fase da minha vida, neste caso em concreto: como é óbvio, o que se passa agora não é igual ao que se passava durante a fase marada. O que há para trabalhar vai variando, vai progredindo, vai-se consolidando.

Bem, mas como eu estava a dizer, estive dois meses sem psicoterapia. Custou, custou bastante, sobretudo no início. Depois, habituei-me. Sabia que havia um regresso, uma data marcada, e isso ajudou muito. Custou-me não por estar aflita e angustiada a precisar enormemente daquilo, mas sim pela dependência positiva que sinto em relação à psicoterapia. É uma dependência, sim, mas uma dependência boa: que me ajuda, que não me limita – pelo contrário -, que me faz bem. É uma dependência controlada, porque eu não quero parar de depender dela. Por enquanto, ainda não. É antes um investimento que faço questão de manter, pelos benefícios inegáveis que sei provocar em mim



Hoje, voltei. Feliz, bem, equilibrada. Ainda bem, porque, assim, há inúmeras coisas que posso trabalhar e explorar que, doutra maneira, não poderia. Hoje, ficou preenchido mais um bocadinho para que seja um ano em grande. Vai ser, que eu sei que vai.

Teresa

PS: Não, a minha psicoterapeuta não me paga para dizer estas coisas. A Ordem dos Psicólogos também não ;) são mesmo testemunhos sinceros de quem sabe, na pele, o quão bem a psicoterapia pode fazer.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Eu venci este medo #3


Mais uma (pequena) vitória para mim. Mais uma para vos contar!



Mesmo antes da fase marada, andar de metro nunca foi uma coisa de que gostasse muito. O facto de ser claustrofóbica, misturado com a ansiedade e com o medo de ficar presa, formavam um conjunto explosivo que me impedia de andar de metro – e eu, que não conduzo, assumo que perdia muito tempo em percursos alternativos ao metro, de autocarro, por exemplo.

Escusado será dizer que, durante a famosa fase marada, este medo ampliou-se imensamente e andar de metro passou a estar totalmente fora de questão, totalmente fora dos meus planos e objetivos.

A verdade é que, mesmo já estando bem há algum tempo, mesmo já tendo enfrentando muitos obstáculos, mesmo já tendo vencido muitos medos, mesmo já estando totalmente equilibrada e a fazer vidinha normal, nunca me preocupei muito com a questão do metro. É algo de que, mesmo hoje em dia, não faço muita questão. Assumo: se puder evitar, evito. Mas, lá está: desde que isso não me limite. Não me condicione a minha vida e não me transtorne por causa disso.

Por razões profissionais, esta semana tive de andar de metro. Primeiro, acompanhada. Hoje, sozinha. E vou ser muito, muito honesta. Nem pensei nisso. Não custou nada, nada mesmo. Foi como se estivesse a fazer outra coisa qualquer.

E, por isso, vos digo: às vezes, há situações, medos, obstáculos que não precisamos de tentar enfrentar com todas as nossas forças. Não precisamos de ter pressa. Basta tempo. Tempo de nos sentirmos bem e equilibrados. Tão bem, que, sem darmos por isso, mais um medo foi vencido. Sem pensarmos nisso. Sem, sequer, nos termos esforçado.

Teresa

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Obrigada mãe. Parabéns.

Este texto hoje não é sobre mim.
Este texto hoje não é sobre a Teresa.
Este texto hoje é sobre a mulher mais importante da minha vida.
Este texto hoje é sobre a maior guerreira que eu conheço.
Este texto hoje é sobre a minha mãe.

A minha mãe faz hoje 55 anos dos quais quase 30 tenho a honra de fazer parte.
De uma família pouco abastada de 7 irmãos, cedo teve de aprender a lutar. Lutar para comer, para ir à escola, para ter um brinquedo que serviria aos 7 irmãos. Dotada de inteligência e de notas perfeitas a matemática, viu o seu sonho de carreira interrompido pela falta de dinheiro dos pais e pela necessidade de ajudar em casa.
Conheceu o meu pai muito jovem, o seu único amor, o seu único homem.
Foi mãe aos 25 anos e teve no meu nascimento mais uma grande luta. Esquecida num banco do hospital viu as dores do parto e as contrações aumentarem à medida que os médicos passavam sem nada dizerem. Esperou, aguentou a dor e assim se manteve até as dores passarem, até as contrações pararem. Perto de desfalecer foi socorrida por uma enfermeira e levada para a sala de parto, viu a filha ser tirada a ferros e entubada, esperou 5 minutos até ouvir o choro, 5 longos e sofridos minutos… A primeira grande luta da sua vida, a primeira vitória (agora apercebo-me que também para mim o foi). 
Foi talvez por ter sofrido tanto para eu nascer que me soube amar sem limites. 
Ensinou-me tudo o que conseguia e o que não conseguia, mas eu teimava em saber, ela aprendia para me explicar depois. 
Fui uma criança feliz, mimada e amada mas a saber retribuir cada gesto, a dar valor às pequenas coisas mais ainda do que às grandes, a saber que cada conquista tem um prémio, o prémio da maturidade. A minha mãe deixou-me cair mas esteve sempre lá para me levantar. Agora mais abastada soube dar-me o que eu queria na medida certa, ensinando-me que tudo tem um preço, que cada brinquedo, viagem, ou livro, eram sinônimo de trabalho, de suor e de algumas lágrimas.
Eu queria retribuir esse amor e felicidade da melhor maneira que conseguia, dando-lhe motivos para se orgulhar de mim. Acho que consegui.
Entrei no curso que queria, na universidade que queria mas fiquei a 350km de casa, aos 17 anos e sem conhecer ninguém. Senti pela primeira vez a dor da saudade, senti a minha dor mas senti também a dor de saber o sofrimento que a minha ausência lhe estava a causar. Sentia-o a cada abraço de despedida, sentia-o no silêncio da noite quando só queria estar na minha cama, na minha casa.

No meu segundo ano da faculdade, a minha mãe descobre que está grávida, aos 45 anos e 19 anos depois ia ser mãe novamente.
Aconselhada a abortar pelos médico devido a vários problemas de saúde, foi contra tudo e contra todos e decidiu seguir em frente sabendo os problemas que a gravidez lhe podia causar. Seguiu, sofreu, venceu. A Matilde nasceu, linda, sem qualquer problema. Um mês depois cai numa depressão pós-parto que nos abalou a todos profundamente. Com a ajuda de todos, deu a volta por cima e conseguiu mais uma vez provar que não se deixava levar por qualquer coisa.
Pouco tempo depois de recuperada vê o meu pai partir numanova aventura em Angola e fica sozinha a tomar conta da minha irmã. Eu ia quando podia, mas podia tão pouco...
Não muito tempo depois vê o pai morrer com cancro no pulmão e o irmão debilitar-se com ELA (esclerose lateral amiotrófica). Sempre com uma garra infindável tenta manter-se erguida para educar a filha e mesmo quando o irmão acaba por morrer tenta não parar de sorrir, tenta não transparecer a dor, mais uma vez consegue, mais uma vez vence. Mesmo com mais idade, mesmo com menos paciência, mesmo sozinha, tenta passar à minha irmã os valores que me passou até que mais uma vez tem que lutar, desta vez uma luta desigual, uma luta contra um tumor cerebral incurável.

Lembro-me como se fosse hoje, lembrar-me-ei sempre.
Dia 30 de Novembro de 2011, a minha mãe e a minha irmã vinham no comboio para passar o fim‑de‑semana comigo como tantas vezes faziam. Recebo uma chamada da minha mãe a dizer que não se está a sentir muito bem mas que já tinha pedido para lhe trazerem água e que ia melhorar, fico de ligar pouco depois para saber como se sente. Ligo e já não é ela que me atende mas sim o revisor do comboio. Estão parados à espera da ambulância, a minha mãe apresenta sintomas de AVC e a minha irmã seguirá para Lisboa ao cuidado do revisor. Fico sem reação, de um momento para o outro não vejo nem ouço ninguém. Não sei o que se passa, não sei o que fazer nas duas horas que o comboio onde a minha irmã vem demora a chegar. Penso no que lhe hei-de dizer, penso em como tenho que esconder o meu medo, a minha dor, penso em como é difícil colocarmos uma máscara de paz quando todo o nosso interior sofre, penso em como a minha mãe o conseguiu fazer nos últimos anos, sinto um orgulho enorme nela e uma inveja da sua força. Não posso chorar em frente à minha irmã, não posso sequer mostrar o mínimo receio mesmo não sabendo nada sobre a minha mãe. Vejo o comboio chegar, espero e vejo-a ao fundo, a sorrir e de mão dada com o revisor. Corre para mim e abraça-me. É nessa altura que sorrio, é nesse altura que percebo o que é o amor incondicional, a força que nos faz vestir a máscara, aquela criança não merecia sofrer, não podia sofrer, e eu ia fazer tudo por isso. 
Percorro com o meu namorado o caminho até Leiria, o hospital para onde levaram a minha mãe. Fazemos a viagem a falar com a minha irmã, a distraí-la, o meu cérebro dividido em dois, a dor de não saber como a minha mãe está contra a força de não o mostrar e fazer crer à minha irmã que no dia seguinte iria ter a mãe com ela, de perfeita saúde.
Chegamos a Leiria perto da 1h e entro a correr nas urgências, vejo a minha mãe na maca e sinto um sufoco, uma falta de ar, um murro no estômago. Pela primeira vez tomo consciência de como a vida é volátil.

Passei a noite ao lado dela e de tantos outros doentes que se encontravam naquele SO, via médicos a entrarem e a saírem,tentava obter respostas mas ninguém me dizia nada, via a minha mãe a sofrer mas ao mesmo tempo a tentar manter-me calma, a fingir que era uma indisposição, percebi que estava a tentar fazer comigo o que eu estava a fazer com a minha irmã, a colocar uma máscara sobre o sofrimento, mas para ela, isso era impossível naquele momento, eu sentia-lhe as dores.

Depois de uma TAC decidem transferi-la para Coimbra sob apertada vigilância. 48h depois temos a resposta, um tumor no sistema nervoso central, agressivo e não operável. A minha mãe recebeu a notícia de uma forma serena, eu nem tanto. Saí para falar com o médico, a resposta foi cortante "'não há muito a fazer" (essa frase não a disse à minha mãe).
Voltei para junto dela e perguntei como se sentia, pensei que a resposta fosse de raiva, de injustiça, mas não… Serena, tranquila, ela responde: "Não sou mais do que ninguém, se acontece aos outros, porque não me pode acontecer a mim também?". Foi nessa altura que percebi que tinha à minha frente uma mulher com um força tremenda, uma coragem desmedida e uma lutadora que não se ia deixar levar assim tão facilmente.

Uma semana e poucos dias depois a operação para fazerem biópsia. Eu não continha o nervosismo mas ela sim, ela sorria, ela fazia piadas sobre a situação, ela ajudava aos colegas de quarto, ela fingia que estava bem, que não tinha aquele bicho dentro dela.

Foram 12 longas horas na sala de operações, eu, ciente dos riscos que a operação acarretava, não consegui sair de perto até ver o médico e ouvir as palavras que me aliviaram um pouco "correu tudo bem".

Mantiveram-na no hospital até ao dia 23 de Dezembro, eu só queria passar o natal com ela em casa, ela fez tudo por isso e conseguiu. Na minha cabeça poderia ser o último natal, na da minha mãe não, era só mais um.
Durante quase um mês eu não saí de perto dela, já conhecia de cor as paredes e os corredores do hospital, já sabia o nome dos enfermeiros, dos médicos, dos outros doentes. Durante um mês eu não fui trabalhar, desdobrava-me em viagens para estar com a Matilde e com a minha mãe, chegava a fazer 600km (o meu pai ainda não tinha conseguido sair de Angola). Senti o verdadeiro significado da palavra amor, em todas as formas, no sofrimento, nos sorrisos, na força, na dor e na paz. Aprendi a guardar as lágrimas para o final do dia e a sorrir mesmo despedaçada por dentro, aprendi a força que o amor pode ter mas aprendi pela primeira vez a lidar com o medo da solidão. No meio do meu turbilhão de emoções do que o amor é capaz, aprendi a ser a melhor amiga da minha mãe, a dar-lhe a mão como ela me dava quando eu era criança, a dar-lhe a força que ela me dava nas minhas quedas e a guardar para mim os segredos que a poderiam fazer sofrer. Nunca chorei à frente dela, não por vergonha, mas porque a força dela não mo permitia. 

Em fevereiro, iniciam-se os tratamentos, quimio e radioterapia ao mesmo tempo, quimioterapia para matar o bicho maligno, radioterapia para não deixar aumentar o tumor que não podia ser extraído.
Nunca uma lágrima caiu dos olhos da minha mãe, mesmo quando as agulhas entravam e saíam, mesmo quando o cabelo começou a cair, mesmo quando os enjoos eram tão fortes que não lhe permitiam comer nada, mesmo nos piores dias ela continuava a sorrir, mesmo quando começou a ver as suas feições alteradas pelo inchaço dos tratamento, pela queda do cabelo, pelos enfraquecimento dos dentes, pelo tremor das mãos, até nessas alturas ela se preocupava em saber como eu estava, como os outros estavam e teimava em dizer que estava bem.
Lembro-me dar gargalhadas sentidas quando experimentávamos perucas, chapéus e lenços para ela usar. Não eram gargalhadas de quem coloca uma máscara para enfrentar a vida, eram gargalhadas de quem sabe que a vida vale a pena, de quem vê uma luz no meio da escuridão.

Aguentou tudo e quando ninguém acreditava que ela ia aguentar ela provou que era possível.
Lembro-me de uma pergunta que a médica lhe fez " o que a mantém tão forte? ", a resposta foi imediata, sem pestanejar: "só quero ver a minha filha crescer". 

Lutou, lutou com tudo que tinha e que não tinha, desafiou probabilidades e conseguiu, vários ciclos de tratamento depois chegou o dia de sabermos os resultados.

Entrámos as duas no consultório da médica à espera da resposta, preparadas para o pior, mas não foi o pior que nos foi dito, foi sim o melhor, mais do que poderíamos esperar. "Parabéns, contra tudo que estávamos à espera, o bicho morreu". Chorei, pela primeira vez após vários meses de sofrimento, chorei à frente dela, mas chorei de felicidade, uma felicidade que não cabia dentro do peito, uma leveza inexplicável invadiu-me. A minha mãe manteve o sorriso de quem sabia que só podia ser aquela a resposta. 

Sabíamos que o tumor continuava lá, sabíamos que não estava curada, nunca estará, mas a maior luta de todas estava ganha.
Ela conseguiu porra. Ela mostrou como o amor pode curar. Ela ensinou-me mais uma vez como se luta, como se consegue. Ela ensinou-me a sentir o sabor da vida.

Agora, quase 5 anos depois, as mazelas da doença começam a sentir-se, quando perde a fala, quando perde os movimentos ou quando confunde situações, mas mesmo assim, continua a sorrir, continua a não mostrar que sofre para não causar sofrimento aos outros.

Agora, quase 5 anos depois, falo dela com um brilho nos olhos e um orgulho que não me cabe no peito.
Agora, no dia que faz 55 anos só lhe quero dizer que é uma honra ser sua filha e sua amiga, que é inexplicável o amor que sinto, que é inigualável a força que me passou.

Agora, no dia que faz 55 anos, só queria estar ao pé dela para lhe cantar os parabéns e para a abraçar, tal como ela fez quando eu comemorei os meus 25 anos a 9 de dezembro naquele quarto de hospital, rodeada de enfermeiros que a minha mãe chamou só para me sentir melhor, para soprar as velas com a felicidade de quem está numa festa de sonho. Não estou perto dela, hoje pelo menos não, e está é a minha maneira de a homenagear, esta é a minha maneira de lhe dizer "OBRIGADA MÃE".